sábado, julho 02, 2011

A alguém...

De repente ficamos mudos, faz-se silêncio. É a Terra a chamar por nós, são todas as forças naturais que nos obrigam a fazer silêncio num sinal de respeito para com a sua beleza transcendente e, também, para que a consciência possa ter voz.
 Ouvem-se ao longe gaivotas e o rebentamento das ondas sempre que o mar beija a terra. Não há mais nada, não precisamos de mais nada.
 Mas o ser humano é assim, não compreende ou finge não compreender estas coisas e esforça-se para perceber outras. Talvez seja por isso que alguém perguntou:
 -«Se algum dia me transformar em vento, serás capaz de me encarar como aquela essência indomável que a natureza quer junto de si, e de me perdoar por me ter ido embora?» - ao que outro responde:
-«Teria de perdoar. Não quero prender ninguém a mim. Se se prender tem de ser por escolha.»
-«E se eu fosse embora, mas continuasse presa a ti?»
-«Então, nunca terias ido embora realmente.»
-«Tu és a minha escolha.»
-«O amor verdadeiro resulta de uma escolha nossa. E nós temos algo raro de encontrar nos dias de hoje: um amor genuíno.»
Volta a fazer-se silêncio. Restava a chuva que tinha começado a cair sem que dessem conta e que entertanto se adensava.
-«Temos que nos abrigar!»
-«Eu gosto de estar à chuva!»
E assim, ficaram abraçados enquanto a chuva e a brisa se transformavam em tempestade.
Era o último abraço.
Transformava-se em vento a mulher que ainda há pouco o abraçava, com quem há instantes tinha falado e fixado os seus olhos verdes. Desfazia-se como uma duna em tempestade de areia no deserto a matéria que outrora fora real. Precipitava-se no vento e participava nele, agora sem o mínimo vestígio da sua existência.
  A chuva pára de cair, a tempestade cessa e abre-se um céu limpo e azul debaixo de um sol radioso.
 Agora, a tempestade existe dentro de si.

-«Vou estar sempre aqui para te proteger.»

Morrer

Os nossos familiares e amigos vão morrendo, partem para longe, perdendo-se o contacto. E, como «Eu já não sou quem era», muitas pessoas perdem o gosto pela nossa companhia e nós perdemos o gosto pela companhia delas... porque «Eu já não sou quem era», as relações de proximidade de outrora deteorizam-se.
Mas nós também vamos morrendo, para os outros e para nós mesmos. Partimos para longe de nós e perdemos o contacto connosco, se é que alguma vez o tivemos...
O tempo é um cerco apertado que se vai estreitando cada vez mais. Chega sempre o momento em que deixamos de gostar da nossa própria companhia... em que a solidão e o desconhecimento do eu é inevitável. E, é nesse momento em que percebemos que só nos resta uma saída: REINVENTAR O AMOR!

sexta-feira, junho 24, 2011

Quem não tem sonhos impossíveis?

Procurava repouso entre os mortos, mas estava vivo. Indubitavelmente vivo. Brutalmente vivo. Eternamente vivo. Vivo como mais ninguém poderia estar. E, por isso, se os mortos não lhe podiam fazer companhia durante o sono, os vivos também não eram uma companhia agradável no estado de vigília.
Queria a morte, mas tudo o convidava à acção. E, para que a acção se concretize é necessária a vida. Vida essa que tinha para dar e vender, que vivia morbidamente, de uma forma tão real e absurda quanto intangível para os demais.
Não, definitivamente não pertencia a este mundo. Aqui não podia morrer nem viver. Não podia simplesmente ser e, por ter sido inserido no local errado, não se enquadrava em nada. Nada, nem sequqer no vazio, no vácuo ou, talvez, no espelho baço a que outros chamam realidade.
O seu pecado original era a vontade impossível de morrer, sendo imortal.
Era a vontade de estar morto na concretização do «não-ser», quando a vontade é característica dos vivos e é a vontade que move o mundo.
Vontade estranha quando o mundo é um livro aberto que nos diz: escreve aqui qualquer coisa... mas sabemos que um morto não pode escrever.
E esse vivo, morto apenas no seu mais profundo e secreto sonho, era deus.

sexta-feira, junho 17, 2011

Heróis?

No herói moderno, exige-se um «heroísmo quotidiano», um construção diária do herói pois, se bem que não possamos apagar os feitos passados, enquanto não morrermos, estará sempre em aberto a possibilidade de nos redifinirmos enquanto pessoas...
É por isso que valorizo muito mais o herói moderno.
O herói da Antiguidade Clássica tinha de se inteligente, belo, forte... tinha de ter todas as características, ser «perfeito». Porém, a meu ver, isso não o valoriza... a maioria dessas características são adquiridas e fugazes... O que é de um herói Clássico quando está na «3º idade?»... deixa de ser herói? vive das sombras do que foi?

Não. Para mim, um herói constrói-se. A única caracterísca é essa capacidade de mudar, de se construir, de se reaprender e construir um lugar merecedor de si... sendo merecedor da Vida que «lhe puseram nas mãos».

Fernando Pessoa «(pessoa, como toda a gente)»

«O poeta superior diz o que efectivamente sente. O poeta médio diz o que decide sentir. O poeta inferior diz o que julga que deve sentir. Nada disto tem que ver com sinceridade. Em primeiro lugar ninguém sabe o que verdadeiramente sente é possível sentirmos alívio com a morte de alguém querido e julgar que estamos sentindo pena porque é isso que se deve sentir nessas ocasiões. A MAIORIA DA GENTE SENTE CONVENCIONALMENTE EMBORA COM MAIOR SINCERIDADE HUMANA O QUE NÃO SENTE É COM QUALQUER ESÉCIE OU GRAU DE SINCERIDADE INTELECTUAL E ESSA É QUE IMPORTA NO POETA.»

segunda-feira, junho 13, 2011

«Das Memorial»

Em Memorial do Convento, a acçaõ desenrola-se em três planos: o plano do Rei, o plano do Povo e o plano da construção da passarola. Estes três planos estão intimamente relacionados, pois é o Rei quem dá a ordem para construir o convento, é o povo quem executa essa mesma ordem e sofre as consequências que advêm da decisão real e, a construção da passarola dá-se em paralelo com a construção do convento de Mafra.
É através destes três planos que se vão desenrolando, em paralelo, através de metáforas e comparações, que se destacam as diferenças entre o trabalho forçado e o trabalho pelo sonho. A construção do convento refelcte os homens escravos da sociedade, do Rei, da Igreja e dos seus preconceitos face à liberdade plena de ser, no senido mais amplo da palavra. Evidencia-se ainda, a grande diferença entre os casamentos polítos (ex: Rei e Rainha) e a união verdadeira e completa, o amor genuíno reflectido em Blimunda e Baltasar.
Considero que através destas dicotomias e até de toda a acção da obra, José Saramago critíca fortemente a sociedade da época que, infelizmente, não é muito diferente da sociedade contemporânea.
Saramago critíca tudo o que nos aprisiona e coage a não Ser: o dinheiro, o orgulho, a aparência, casamentos políticos\de conveniência, a ambição desmedida, o abuso de poder, a falsa fé, entre outras.  Desta forma, o «Memorial do Convento» é um livro que apela à verdade, que nos faz reflectir constantemente sobre quem somos, quem devíamos ser e quem gostaríamos de ser (o que nem sempre, ou quase nunca, coincide). Acredito que, num momento ou noutro, todos acabamos por nos rever em alguma das personagens.
E por falar em personagens, aproveito a deixa para referir que as minhas personagens preferidas são Baltasar e Blimunda. O que me cativa nelas é que, são indissociáveis, uma sem a outra, seriam personagens completamente diferentes (não seriam Baltasar e Blimunda). É também curioso que os heróis desta obra sejam anti-heróis uma vez que vivem à margem da sociedade: Blimunda tem poderes sobrenaturais, é uma mulher livre, pensadora e, Baltasar é maneta. Porém, Saramago «prova» que não são estas característica fisícas que fazem de nós quem somos mas sim. a atitude que tomamos perante a vida e as situações com que nos deparamos. Para além disso, o facto de Baltasar se maneta e superar essa dificuldade, valoriza-o ainda mais. Esta personagem leva o sonho ao extremo, morrendo por ele.
Na minha opinião, Blimunda e Baltasar são modelos a seguir na medida em que se mantêm fiéis a si mesmos e um ao outro, apesar de não existir um contracto ou qualquer tipo de promessa, estão juntos simplesmente porque querem e porque se amam.
Concluindo, a obra termina com o auto-de-fé em que Baltasar morre injustamente e que, serve para criticar não só os aoutos-de-fé da Inquisição, mas também, os autos-de-fé que todos vamos tendo nas nossas vidas, as injustiças do mundo que irão existi sempre :( No entanto, nem a morte tem a capacidade de separar Blimunda e Baltasar («Desprende-se a vontade de Baltasar Sete-Sóis, mas não subiu para as estrelas, se à terra pertencia e a Blimunda.»).



It's Beautiful

viciada em Memorial do Convento

Scarlatti revela a sua amizade por Blimunda preocupando-se com ela, fazendo companhia a Baltasar, tocando no cravo, não só para os entretar, mas também porque este músico é suficientemente sensível para perceber que a música poderia ajudar na cura de Blimunda.
Neste episódio, é visível o amor genuíno que existe entre Baltasar e Blimunda («Mas Sete-Sóis, a essa hora, já estava deitado, cobria Sete-Luas com o braço são e murmurava, Blimunda... e Blimunda, a custo respondia, Baltasar... Baltasar extenuado de ansiedade, podia também entrar no sono para reencontrar o riso de Blimunda, que seria de nós se não sonhássemos»).

Bartelomeu Lorenço, sente-se «falsamente» culpado pelo grave estado de saúde em que Blimunda se Encontra; tem aspecto de quem dorme vestido, não dorme convenientemente, emagrece... mas, na verdade, por detrás desta falsa culpa, está já a suspeita das investigações da Inquisição a seu respeito. Aqui confunde-se a culpa com o medo!

O narrador, crítico como sempre, «mostra-nos» que não é deus, nem são os santos, nem nenhuma feitiçaria que salva Blimunda, mas sim a Música, arte perfeita, bela, intemporarl («e a música não tem fim nem princípio»).
Concluindo, neste episódio, o autor realça a importânica do sonho («que seria de nós se não sonhássemos»), da mística de Blimunda e da Música como símbolo de perfeição e, também, evidencia a importância da vontade humana («Quem tem vontade, que a guarde e use, quem a não tem, aguente-se com a falta».)

By Catarina Santos

"A força da vida...








Do nada, quase sem darmos conta, a vida refaz-se.



Dentro de um coração que julgávamos sem vida, o sangue volta a pulsar, desejamos de novo rasgar a pele, oferecer sorrisos...desejamos viver.





Afinal, o nosso caminho cumpre-se. Afinal, o coração pode ficar leve outra vez...





Afinal, a vida sempre se encarrega de pôr tudo no lugar... sempre se juntam os pedacinhos que antes estavam partidos.





Sim, a vida cumpre-se, tem força para fazer nascer o que pensávamos que tinhamos morto sem piedade.





São os amigos.



Que estão sempre ali a rondar-nos a vida. Que vêm sem os chamar porque sabem que preciso, que me dão a mão sem perguntarem nada.



Estão ali......Simplesmente.





Esses seres que nos povoam a vida. Que nos colorem os dias, que nos deixam chorar para depois me dizerem:





- Até quando choras és linda...





Mesmo sendo feia, torno-me bonita aos seus olhos. Talvez porque me vejam com o coração...





Eles que sabem ficar no silêncio, que mesmo que não entendam, fingem que sim....só para que me sinta a dividir a dor. Como se ela se pudesse dividir.





Que me tornam o fardo menos pesado.



Que caminham comigo, que comigo esperam.



Que comigo sofrem, riem e choram.



Os amigos....



Que nos oferecem um carinhito que viram algures e se lembraram de nós...





Os amigos que bebem o que nem gostam só para não me verem a beber sozinha....quando sabem que eu só quero esquecer, pelo menos por uma noite.





Os amigos que me dizem as palavras duras que não ferem porque sei que é por bem me quererem...





Os amigos que me perdoam as falhas porque me conhecem o coração.





Os amigos que me acompanham ao karaoke, que me aplaudem com um entusiasmo quase eufórico, mesmo que tenha cantado fora de tom.





Os amigos que me dizem:





- Não vás embora.





Os que dizem:





- Obrigado por seres minha amiga.





Os que me fazem chorar mesmo em dias felizes porque me dizem que gostam de mim, que sou tranquila, que tenho paciencia.





Os que brindam comigo "para que a vida seja sempre assim"...





Os que ficam comigo a ver o dia nascer só porque sabem que adoro esse momento mágico.





Os amigos...





Os amigos que querem matar os homens que me fazem sofrer, que me dizem:





- Se ele te magoou é porque não te merece, esquece-o....pior para ele que não te viu...





Os amigos que me pedem e dão coragem.





Os que me deixam ser criança...que se descalçam comigo para pisar a relva, brincar com os repuxos de água que a rega em plena madrugada só porque está imenso calor e não apetece ir para casa, sozinha.





A verdade é que o ser humano pode ser avaliado não pela quantidade de amigos que tem, ou diz ter, mas sim pelo amor que tem desses amigos sem lho pedir.



E os amigos, são sempre um espelho.... Cada um tem um pouco de nós.





E quem tem um amigo, nunca está só."

sábado, maio 21, 2011

Think

Na imensidão do Universo, os nossos caminhos cruzaram-se
Eu acredito que há uma razão e mesmo que não haja, então devemos aproveitar essa «coincidência». De facto, podíamos ter vivido em épocas históricas diferentes, podiamos ter a eternidade a separa-nos, um espaço geográfico com km luz de distância ou, estarmos bastante próximos mas distantes, por nunca nos termos encontrado.
É estranha e forma como as coisas acontecem, como as pessoas aparecem na nossa vida... mas mais que isso, é quando elas deixam de ser iguais a todas as outras pessoas e se tornam especiais :)

Dá que pensar


Na imensidão do Universo, os nossos caminhos cruzaram-se...

sexta-feira, maio 20, 2011

a semana da minha vida

«senti que o meu lugar era onde vocês estivessem...»


Nessa semana tive vontade de deixar os estudos, de largar tudo e ser missionária para sempre... vamos ser loucos? loucura saudável faz bem :)

É isto que nos faz felizes, uma felicidade que não experimento em mais nenhum lugar...



ps: mas quanto mais estudarmos mais iremos ser úteis, mais poderemos ajudar o outro...
 No entanto, conhecimento não é tudo!

terça-feira, maio 03, 2011

Amo-te

O olhar por vezes oculta segredos sombrios que perfuram o coração, que fazem sangrar internamente... É uma morte lenta, dolorosa, invisível, imperceptível... só quem ama pode vê-la, só quem ama pode senti-la... Só tu podes ver-me por dentro, olhar-me e ver-me tal como sou.... És a única pessoa que me aceita e que sabe que sou um ser humano e nada mais que isso, um ser humano.
 És a única pessoa que não me exige perfeição e que tenta compreender o porquê das minha dúvidas e incertezas, o porquê dos meus erros...
És único. Nunca conheci ninguém assim e isso assusta-me...
Assusta-me esta mudança que se deu em mim desde que nos conhecemos.
Assusta-me gostar tanto de ti e não poder evitar que tu sofras.
Assusta-me a possibilidade de te perder.

Se tu soubesses como me sinto quando caminhas na minha direcção,
quando olhas para mim e sorris.
Quando nos abraçamos
Quando nos entreolhamos
Quando me dás a tua mão e me tocas
Quando me beijas...
Nestes momentos o tempo pára e eu vôo para uma outra dimensão. É como se o mundo nos envolvesse numa redoma parasidíaca de sons, cheiros e cores e o resto deixasse de existir. Mas depois dessa sensação só existes tu e, quando o olhar nos aproxima ainda mais, já só existimos nós.
Não há mais nada.
Quando estou contigo, o mundo é perfeito, as pessoas têm bom coração, não existe fome, nem guerra, nem morte...
Quando nos olhamos nos olhos, o meu corpo vibra, o meu coração dispara e eu sinto que te amo.
Quando me abraças e dizes: «Adoro-te», eu sinto-me grande e pequenina ao mesmo tempo e tenho vontade de ser sempre criança para que tu me protejas e não deixes nunca de me abraçar.
Quando falas dos teus sonhos, eu tenho vontade de ficar ali para sempre, a ouvir-te e a olhar para ti, para o brilho do teu olhar, para a tua boca sorridente...
Quando estamos juntos, sinto que posso ficar ali para sempre. E tenho vontade de ficar ali para sempre, ao teu lado.

Faça o que fizer, diga o que disser, aconteça o que acontecer, eu amo-te. E se tu pudesses saber o que sinto, nunca irias duvidar.

domingo, maio 01, 2011

Mother

Miminhos
Abrigo
Esperança <3

terça-feira, abril 19, 2011

«Buscando ainda que nada Vos falte.»

O ser humano também busca, ainda que nada lhe falte, pois parece-lhe faltar sempre algo.  A consciência da irreconciliação entre a finitude da vida e a infinitude do pensamento (sem limites). É esta imperfeição, é este conflito que me angustia. Será que Deus também o sente ou É demasiado perfeito para o sentir?
Que disparate! Deus não sofre com este tipo de questões! A Sua vida é infinita e o seu pensamento (será que Deus pensa ou realiza algo maior?), se existe, é infinito!
Então, Deus está equilibrado, condenado a esta paz. Nós somos quase o inverso, condenados a esta angústia, inquietação, desequilíbrio.

And what about tomorrow?

Sabia apenas uma coisa: fazia aquilo que fazia  porque procurava uma verdade, uma resposta auto-suficiente e universal que calasse aquela explosão de dúvidas que trazia comigo. Por vezes, parecia mesmo que ia explodir.
Mas eu procurava lá fora e quanto mais procurava menos encontrava, menos sabia, mais duvidava, mais me perdia...
Chovia, o Inverno aproximava-se. A Natureza concordava com o meu estado de ânimo e, mais uma vez, provava que o Verão  chegara ao fim, que o tempo passa e é condição de qualquer acontecimento fugaz.
Sabia que se o tempo não passa-se eu não viveria, não encontraria a tal resposta, não haveria espaço para nada acontecer. Porém, de uma forma estranha e contrasitória, era natural em mim não querer nada, excepto a paragem do tempo.
Mergulhada na escuridão, embebida no espaço e no tempo, urgia tomar uma atitude. A hora tinha chegado.
Desci as escadas, ainda havia uma réstia de luz, como se algo me estivesse a dizer que havia uma saída. Mas depressa se esvanecia este sentimento quando entrava no quarto como o jantar.
Lá estava ela naquela masmorra escura e húmida, rodeada de velas, santos, cruzes e incensos. Tinha sempre a sensação que entrava num cemitério e, quando me aproximava da cama para a alimentar era-me quase impossível contemplar aquele rosto de mármore frio, duro, pouco lustroso, um tanto ou quanto enrugado... afinal talvez fosse um rosto granítico. O olhar langue, inexpressivo, vazio. Não dizia nada, não sorria, não vertia uma lágrima, não se movia para além do necessário para ingerir os alimentos.
Não sei porque é que me obrigava àquele ritual diário nem como me era suportável fazê-lo quando todas as minhas células gritavam, vomitavam e fugiam daquele lugar.
Terminou a sopa e cerrou os olhos, era a sua maneira de me expulsar do seu aposento mórbido.
Beijei-lhe a testa e sai.

sábado, abril 09, 2011

Sobre mim?

Sem preconceitos, sem pressupostos, sem dogmas...eu estou constantemente em viagem e mudança, ando pelo mundo sem bagagem...Não sei de onde vim, nem para onde vou. Sei simplesmente que há um caminho e que existe uma razão... Como todo e qualquer ser humano, procuro a felicidade, a paz e a realização pessoal.


Não há nada melhor que a companhia dos entes queridos e o sentimento de que somos úteis, de que este não foi só mais um dia que passou, mas que foi O DIA.

Persigo os meus sonhos, mesmo quando parece que desiti da vida... porque há que experimentar outros caminhos, há que conhecer o mundo e compreender os outros, há que ter também um espaço e tempo só nosso que eu, egoistamente, quero e preciso para me encontrar.

quinta-feira, abril 07, 2011

Preferir

As preferÊncias culturais dos jovens são fortemente influenciadas pelo meio que os rodeia e pelo que o mesmo meio lhes proporciona. A sociedade em que vivemos molda-nos, uniformiza-nos deixando a maioria das pessoas despersonalizadas.
Na verdade, existe facilitismo na informática e no vídeo pois estes não exigem que a pessoa saia de casa e, para além disso, fica mais barato.
Alguns jovens preferem o que a família prefere, evitando desiludi-la; outros têm as mesmas preferências que os amigos, isto porque há uma necessidade de identificação com o outro, integração na sociedade e aceitação. Por norma, temos medo de tudo o que é diferente, a diferença deixa-nos inseguros. A igualdade dá menos trabalho, é mais fácil.
Ora, talvez seja por isso que os valores se encontrem subvertidos pois, infelizmente, são poucos os que arriscam ser fiéis a si mesmos. Talvez seja esta a razão pela qual vivemos numa sociedade deprimida, morta, sem espírito de iniciativa. Pois, não acredito que alguém possa sentir-se livre e ser verdadeiramente feliz vivendo numa mentira, numa luta permanente, estúpida e exaustiva para agradar o outro.
Também os novos modos de comunicar me preocupam. Quando, por exemplo, um amigo nosso nos magoa e pede desculpa por mensagem ou e-mail ou, quando há namoros que começam com uma sms, penso que isto não pode deixar de nos preocupar. Afinal, nada substitui o olhar nos olhos, o toque, o discurso falado pessoalmente ainda que, com toda a timidez e incoerência própria das emoções.
Para concluir, penso que existe um preconceito raletivamente ao livro, ao teatro.., mas não sejamos nós preconceituosos também. Não generalizemos. Há jovens que são excepção a esta cultura de massas.

Ausência de dúvidas? Não me parece...

Na minha parca opinião, o facto de termos consciência de nós mesmos como seres inacabados e de nos projectarmos no futuro, faz com que nos seja custoso aceitar\acreditar na evidência da morte...
Não quero morrer, mas também não quero viver eternamente. No entanto, esta frase, esta utopia inconsiliável, leva-me a pensar que morrermos depois de termos vivido e por isso, não vivemos eternamente (Não consigo explicar esta ideia por palavras...)
Talvez a morte venha na hora certa, se é que existe uma hora certa, quando a suposta «vida eterna» se torna incomportável, insuportável e é preciso morrer.

Não sei se é a morte que chega ou se é «só» a vida que termina... às vezes duvido da existência da morte...
Estarei a delirar? Não sei, mas parece-me que a morte é um mito que existe para nos lembrar que a vida tem um fim. Tem um fim porque acaba, mas mais que isso, tem um fim porque tem um objectivo, uma fnalidade...

porque é que eu penso tanto nisto?

Sometimes You make me feel a litle bit ...

«Nem podemos  forçar... não quero que nada corra mal. O que sinto por ti nunca senti antes... já gostei de outras pessoas, mas o sentimento que tenho por ti é completamente diferente e não sei explicar como ou porquê... quero-te mesmo muito!»

Simplesmente

«Hoje foi um dia de auto-reflexão e finalmente consegui algumas respostas. Bem, eu se calhar já as tinha, mas não estavam clarificadas... Gostava de ter estado contigo para falarmos, mas mesmo distante conseguis-te ajudar-me.
Nós já encontramos um caminho, Rita...para o bem e  para o mal, os nossos caminhos cruzaram-se e eu acredito que há uma razão para tal ter acontecido... não sofras sozinha, eu agora estou do teu lado e farei de tudo o que estiver ao meu alcance para proteger o teu sorriso...»
«Quando me envolves nos teus braços fazes-me esquecer qualquer problema... fazes-me voar... és o mais perfeito dos anjos no limite dos meus sonhos. Adoro-te @»

Quero-te tanto...

«Incrivel o que pode acontecer no espaço de um mês... Apaixonei-me por uma rapariga que me era completamente estranha... Saímos, conhecemo-nos, começámos a namorar... nem sei se fizémos bem ou mal, o tempo o dirá...mas gosto muito de estar com ela, o seu sorriso reconforta e a sua voz acalma... os seus lábios, divinos... Quero conhecê-la mais e melhor, quero-a cada vez mais próxima, quero ser seu e que ela seja minha... Não sei bem a razão, mas apesar de ainda não a conhecer muito bem há algo de especial que me cativa... Gosto mesmo dela!» " @

sábado, março 19, 2011

Vamos lá acreditar!

«It´s a new dawn, it's a new day, it's a new life, and  I am felling good!» 
(Muse)

segunda-feira, março 14, 2011

6 de Março 2011

Adorava poder dizer-te que trouxes-te felicidade à minha vida e que me fizes-te voltar a acreditar, mas não vais ouvir, não queres ouvir... e a culpa é minha...
É triste sabermos que tinhamos a felicidade tão perto e a deixamos fugir por uma estupidez, por pura infatilidade, egoísmo ou sei lá... enfim, eu tenho um dom natural para estragar tudo....
Talvez não estivesse preparada ou não merecesse ser feliz...«nada acontece por acaso». 

sábado, março 12, 2011

Nunca me conheces-te, nunca acreditas-te

A única pessoa que  amei, a única passoa que me feriu...

quinta-feira, março 10, 2011

Frio

ossos frios, aquece-mos!



Cabelos despenteados, penteia-mos!


Noite de chuva, traz dia, traz sol…


Olhos lacrimejantes, traz brilho!


Anjo triste, dá-me o teu sorriso!


Anjo triste, vem rasgar-me a alma,


Se é que a alma existe!


Anjo errante, leva-me tudo.


Traz-me nada, só a paz que preciso


E à vida ou  à morte é negada.


Leva-me a noite, traz-me o dia!


Leva-me o dia, traz-me a noite,


Na melodia


Que é esta vida.


Ou som inaudível.


Sim, a frequência está tão alta


Que a não posso ouvir.


O comprimento de onda foge aos meus olhos,


E eu não sei de que cor é a vida…


É uma cor que existe fora dos meus limites,


Vida feita para não se conhecer.


Talvez mudar seja ficar igual,


Nunca saberemos.


Mas mudamos ou vemos a vida passar,


Sem saber porque o fazemos.

terça-feira, março 01, 2011

Fábio Rui Gonçalves Luis

Cada palavra é um passo em frente
ou um passo atrás.
A vida não espera pelos teus erros e, aquilo que
fizes-te já não se desfaz!


Cada sílaba, cada pensamento,
cada ponto de exclamação,
cada vírgula, cada parágrafo,
mudam toda uma vida que,
está sempre em trasformação.


Na construção da cidade,
marcas de sangue que,
já foram de tinta na construção
de um livro qualquer.


Na lombada de um livre,
sofre em segredo
o coração de uma mulher!


Abre-se a primeira página
e começa a guerra!
Ainda o caminho vai a meio,
já consigo avistar a minha terra!


Vontade de voltar?
Imensa...
Vontade de reler?
Sem dúvida!


Não!
Não é medo de voltar!
Não é medo de reler!
Tenho sim, medo de abrir
o coração e do que, lá posso
encontrar ou perder!


Perder-me num livro,
para me encontrar na Vida!
Perder-me em teus braços,
para deixar de andar por aí perdida!


Já se faz tarde e já muito aprendi,
comigo ficou muito mais que
uma frase...
Guardo em meu coração
tudo o que li!


Agora deixa-te lá de teorias!
Já que terminaste, fecha o livro!
Sai à rua e para,
para com as correrias!


Não vez que a Vida tem
mais sabor se souberes parar?
Para e ouve! Ah, sim!
Que o livro também tem o dom
de te ensinar a escutar.


Isso mesmo! Escuta!
Vive!
Dança, canta, sorri e pergunta
como se ainda fosses criança!


Então?
Não sabes que quando
fechas um livro, abres
a tua vida à esperança?

Stop

preciso de um motor, de uma motivação que pare, que faça «stop» a esta angústia!
preciso que me digas: não te deixo morrer;  ainda que os teus dias to impossibilitem...
dias sibilantes, molhados, nunca iguais, mas sempre os mesmos...
sempre o medo irracional de menina, agora com a agravante do pensamento, dos medos medidos...
é medo a dobrar: a soma daquele medo que penso,
com deste medo que sinto!
talvez o conhecimento não seja uma luz, mas antes a treva que cega...
uma tábua, uma ponte que une a margem tranquila e a desassossegada onde o meu ser vai sempre dar, ainda que em intervalos gélidos, subtis, de águas paradas ou remoinhos que não levam a lugar algum.
a chegada é sempre o desassossego,
é sempre o medo,
é sempre o pânico, o grito mudo...
é sempre a angústia, o desespero...
E será sempre a impotência e a inutilidade da vida perante a morte!..

sexta-feira, janeiro 28, 2011

Assim sou eu...

sou um deus opressor,



um anjo que mente.


Um pensamento enganador,


Um ser humano que não sente.






Sou um homem que endoideceu,


Mas que sabe definir a loucura.


Uma bruxa velha que morreu


No êxtase da sua candura.






Sou mãe que come as suas crias,


sou lobo que dorme com o cordeiro.


Sou pessoa que finge ser gente


Que enterra comida e come dinheiro.






Sou víbora que sofre.


Sou um deus mentiroso,


Sou um rei tirano


Que esconde a liberdade num poço.

Fervo por dentro!

Gélidas palavras,



Calmos movimentos.


Gélidos olhares em exaustivos pensamentos.






Áspera vontade de estar contigo


Na noite cálida e perpétua.


Incontornável vontade de te ter


No eterno momento do ser


Controlável atitude


Controlável o comportamento


A palavra é fria


Mas ferve o sentimento.

Enloqueces-te, Rita!

Vamos ver se a noite é fria


E se as estrelas sabem a morango

Vamos correr descalços pelo rio

Sentir o calor do campo.

Na maresia do teu ser,

Escuto as palavras

que mentem, em parte.

Fossemos nós dois camponeses

E eu fazer-te-ia uma tarte!

Eu sei que somos crianças

Sim, crianças loucas

Que adoram chocolate.

Mas não podemos brincar juntas,

Pois não vivemos em Marte!

quarta-feira, janeiro 26, 2011

Religião

Etimologicamente, religião partiu da palavra religare que significa (re) ligar. Segundo dizem, antes da vida tal como a conhecemos, vivíamos em relação com o divino, mas por pecado original, essa ligação perdeu-se. Pergunto-me que culpa temos nós do defeito de fabrico.
Adiante, o objectivo da religião é estabelecer uma relação\ligação entre o homem e deus.
De facto, a religião tem os seus aspectos positivos: satisfaz questões existenciais, adormece a nossa angústia, promove valores como o bem, a paz, o respeito e o amor ao próximo. No entanto, também existe o reverso da moeda: a intolerância religiosa, as guerras em nome de deus, curiosamente chamadas de guerras santas (...)
Vejamos o que aconteceu na segunda guerra mundial com o quase extermínio dos judeus e, o que actualmente se passa, por exemplo, em Israel, local basilar das três religiões monoteístas.
Não há dúvida que urge o diálogo inter-religioso e o respeito pelo outro, pelas suas crenças e valores. Porém, infelizmente, o homem ainda não está preparado para aceitar a diferença e isto, acontece nos mais variados campos: sexualidade, ciência, filosofia (...)
Não há dúvida alguma que o facto de termos uma religião altera toda a nossa vida, na medida que esta (ou a ausência desta) influencia as nossas escolhas, a forma como encaramos o outro e o mundo, e a nossa forma de estar na vida.
Damásio defende que a ideia de deus é uma criação do cérebro humano. De facto, a necessidade do divino está impressa no homem. Se admitirmos a existência de deus, muitas questões se dissipam. No entanto, considero que existirá sempre um momento em que se dá um sismo nas nossas certezas e, é esse sismo que, mesmo que nos deixe indefesos e sem chão, nos permite dar um passo em frente no conhecimento.
É curioso, acreditamos em deus, acreditamos na literatura, na política, na ciência, acreditamos nas pessoas, que não raras vezes nos mentem, mas não cremos verdadeiramente na evidência da morte.

Rita Dias (teste de Português)

Reflicto (às vezes demais)

Ganhar, perder... e o que é a vida senão um ciclo de ganhos e perdas?

Mas não te iludas, tu não perdes mais do que ganhas, quanto muito perdes tudo o que ganhas-te e, poderás vir a perder tudo o que irás ganhar, mas nunca perderás aquilo que nunca ganhas-te.
Por isso mesmo saboreia todas as pequenas conquistas, beija-as docemente enquanto as ondas do mar não te as arrancarem do corpo e o sal não tiver tido tempo de trazer a saudade.


apaixonada pela pessoa errada :S

Liberdade

Se eu matar uma pessoa é de esperar que seja presa. Mas se disser uma mentira capaz de destruir a vida de outrém, não serei punida por lei.



Até que ponto posso interferir na vida do outro? O que me dá o direito de, com uma palavra ou uma determinada acção, mudar o jogo, ser responsável pela felicidade ou ruína alheia? E o que dá o direito às pessoas de fazerem o mesmo comigo?


Há, de facto, inúmeras situações que fogem ao nosso controlo. O que nos acontece e fazemos acontecer não depende exclusivamente de nós. Somos condicionados pelas características físicas e psicológicas inatas, pela época histórica em que vivemos, pela cultura em que nos inserimos e pelo outro, que invade o nosso espaço. Somos condicionados e afectados por tudo o que existe e, até, pelo que não existe.


A liberdade consiste em optar, sendo a não opção uma escolha. Mesmo que pressionados a fazer algo, existem sempre, no mínimo, dois caminhos: fazê-lo ou não fazê-lo. Mesmo com todas as consequências que daí possam advir: desiludir o outro, ser rejeitado, preso ou morto. Podemos sempre contrariar o que os outros esperam de nós.


A liberdade é o que nos faz iguais e nos torna autênticos. Cada um é o que escolhe e, por isso mesmo, escolhemos e reagimos das mais diversas formas a situações semelhantes.


Quem não usa da sua liberdade não é pessoa, limita-se a ser comandado por alguém...(o que também é uma escolha).

terça-feira, janeiro 25, 2011

29 de julho de 2010

«Nós podemos morrer, mas este momento vai ficar para sempre!» RC

segunda-feira, janeiro 24, 2011

Não ser assim

Nesta vida que sabe a nada



E que pesa tanto


Agonizo, sufoco e vibro.






Pulsa em mim algo a que chamam coração


Essa máquina que sente


Que morre


Que, por vezes,


Rasteja pelo chão.






Pulsa dentro de mim


Energia que me diz:


É impossível morrer.


Pulsa dentro de mim o mundo,


O teu corpo, os teus suspiros


E esse olhar profundo


Num segundo eterno e mortal.






Agonizo e sufoco


Grito em silêncio


Este grito que nasceu comigo


E comigo morrerá.


Este não querer ter sido


Este não querer ser


É este ter morrido antes de viver.


Porque nesta vida que sabe a nada


E que pesa tanto,


Sou uma sombra de mim


E minha sombra é meu pranto.

sexta-feira, janeiro 07, 2011

Impossíveis

«Será que existem impossíveis?»

- Se eu te disser que não existem impossíveis então irei estar a contradizer-me porque irei estar a dizer-te que é impossível existirem impossíveis. Por isso mesmo resolvi responder-te de outro modo.
Um dia, disseram-me que é impossível ser-se plenamente feliz, que é impossível vencer a morte, que há momentos em que somos incapazes de perdoar, que é impossível sermos totalmente livres, que é impossível não errar nem fazer sofrer aqueles que mais amamos, que é impossível não ser humano... E sabes que mais? Ao longo da minha escassa existência fui verificando que isto são meros perconceitos, afinal, é bem fácil desumanizarmo-nos ou sermos endeusados. Bem, acredito que quem me disse todas estas coisas tem uma visão bastante limitada do mundo e de si própria, gosta da segurança que os impossíveis lhe dá pois, assim, torna-se totalmente desnecessário virar a vida do avesso e lançar-se rumo ao desconhecido, com o intuito de transformar um impossível numa realidade palpável, que mais tarde ficará submersa nos escombros do passado (ou bem viva no nosso coração).
É tão fácil ficar especado a ver a vida passar ao invés de «agarrá-la» e perseguir sonhos, felicidade e paz!
Sim, é impossível evitar sentimentos e pensamentos, é impossível perdoar quando o nosso coração não quer e a alma se encontra demasiado ferida... é impossível não magoar as pessoas que nos rodeiam, é impossível não errar, não pecar mas, também existem impossíveis que podemos ir transformando, não de uma forma instantânea, mas sim sabendo que o imediatismo do momento não é tão importante quanto isso e que, construir um sonho ou derrubar uma murallha é exequível, apenas leva tempo e pode demorar uma vida inteira a conseguir-se. No entanto, importa não esquecer que impossível e difícil são duas palavras distintas e depois da caminhada sentirás que valeu a pena, que foi isso que te encheu a vida de cor, te deu força e coragem e que, te fez feliz. Pois a alma de quem luta incansavelmente em prol da vida jamais poderá ser pequena. E a tua é enorme.

Uma discussão daquelas!!!

Rita Dias: O mais curioso é que mesmo num sítio desses, a nossa imaginação pode voar...



Ana Rita Raposo: Sem dúvida!


 Rita Dias: O facto da porta estar aberta e nos convidar a entrar é interessante

Michel Fernandes Explica-me la o que para ti significa esta imagem. É muito filosófico, mas passa por cima de uma das primeiras condições para se vive;, se se fechasse a porta e não tivesse a capacidade de a abrir a pessoa acabaria por morrer com fome por falta de comida, por muita cultura literária que absorvesse...E uma pessoa culta deve usar a sua sabedoria também em prol dos outros, e não apenas para si mesmo. É o que penso ao olhar para esta foto

Ana Rita Raposo Esta "prisão" representa o conjunto de livros proibidos, censurados, onde há também, claro está, livros de filósofos. A comida e a bebida são, inquestionavelmente, indispensáveis à nossa sobrevivência; os livros são indispensáveis à alma!

Rita Dias a alma existe?

Ana Rita Raposo Que lhe parece Rita? Sente-se só corpo?

Rita Dias não, mas também não sinto alma.

Ana Rita Raposo Aristóteles defende que a alma é "de anima", aquilo que anima, que dá vida ao corpo!

Michel Fernandes Eu defendo que nós é que "alimentamos a alma"...

Rita Dias EU não defendo nada, aquilo em que acredito está em permanente mudança... como é que alma e corpo podem ser compatíveis, coexistir?
Rita Dias E depois de coexistirem separarem-se? Não faz sentido ou simplesmente não compreendo

Michel Fernandes A alma existe, isso garanto-te eu... Não queria era explicar-te como eu sei isso.... com certez que já deves ter ouvido "histórias" que te garanto que são verdades. E não tem nada a vêr com filosofia, mas sim com factos concretos. Há coisas... que transcendem o empírico, o razoavél e a compreensão humana, mas ás vezes vendo e sentindo directamente ou indirectamente certas coisas percebe-se o que estou a falar... Mas continuo a defender que cada pessoa "alimenta a sua alma" a todos os niveis, e isso reflete-se após a morte. Acho que fui explicito, e acredita que a alma e o corpo se separam após a morte.

Ana Rita Raposo

Miguel, a filosofia debruça-se, leva-nos a reflectir profundamente sobre factos concretos!!Não percebo quando afirmas peremptoriamente que "não tem nada a ver com filosofia, mas sim com factos concretos"???? Curioso também a tua posição que... me parece um pouco, desculpa, contraditória! Os factos concretos são empíricos. Se a alma, ou há coisas, como dizes, que transcendem o empírico e a nossa compreensão, como separas anterioremente filosofia de factos concretos? E se há transcendência, como podes assumir essa posição de que a alma existe e se separa efectivamente do corpo, quando referiste que há coisas que ultrapassam a nossa compreensão? De onde te vem a compreensão, quando afirmas que os seres humanos não têm inteligibilidade de certas coisas?
Rita Dias O que compreendemos pode ser uma incompreensão.
Rita, não considero que aquilo em que acreditamos esteja em permanente mudança se assuma como negativo!! Considero até que não nos satisfazermos com as respostas que vamos encontrando, convertendo-as em novas questões, precisamente por não ...possuirem a profundidade que esperamos ou que nos satisfaça, é uma atitude primordial para não nos acomodarmos! As posições que podemos assumir face à problemática da imortalidade ou não da alma são várias, todas elas, desde que fundamentadas, são válidas! Identificamo-nos, ao longo da nossa vida e das experiências por que vamos passando, ora com umas ora com outras, ou então, assumimos a mesma tese durante a nossa vida toda, sem a pôr em causa, o que não deixa de ser dogmático! De qualquer modo, a não compreensão disto ou daquilo não parte do zero, o isto ou o aquilo são já o ponto de partida para a tentativa de esclarecimento, se nos predispusermos a isso, claro! Há, com efeito, questões que ainda se nos colocam, desde os primórdios da humanidade, mas que ainda hoje permanecem, pois o Homem ainda não conseguiu eliminá-las com uma qualquer solução científica, ideológica, política,... Como a filosofia está tão presente!
Rita Dias Claro. Eu tento fugir a essas questões, mas elas perseguem-me :O Nesse caso não posso defender coisa nenhuma porque não tenho fundamentos.



  • Ana Rita Raposo Defender pode, mas é mais uma opinião!





  • Rita Dias Exacto, é só mais uma opinião num oceano de milhares de opiniões. Se a alma realmente existe e é imortal, inquieto-me com o que se diz à volta disso. Alma e corpo separam-se, na hora da morte do corpo, então se a alma estava presa ao corpo ...agora irá libertar-se, mas não será difícil desabituar-se do corpo depois de estar aprisionada a ele durante tanto tempo? Não será como aquela pessoa chata de quem nos queremos livrar, mas que depois nos deixa saudade? é tudo tão incoerente.


    No entanto, se a imortalidade da alma não existe, é injusto. É injusto o sofrimento, é inglória a luta, é existência da dor, da doença, da perda, da morte... E quem não quer viver eternamente, está condenado ao sofrimento eterno?


    Seja qual for o caminho, não lhe encontro o sentido.


    A vida terrena sabe a pouco, mas a vida eterna pesa demasiado...
     
    Michel Fernandes Tudo o que somos reflecte-se na eternidade. Já alguma vez viram um espírito de uma pessoa que conheciam em vida? Acreditem que a alma existe. E é com o que fazemos em vida nomeadamente em acções que a alma vai seguir o caminho que tem que fazer depois de se libertar do corpo. A Filosofia é uma ciência que até gosto, mas há coisas que nada nem ninguém consegue explicar, porque há coisas que são de fé, outras empiricas outras como se diz "só vendo é que se acredita". É por isso que digo que o corpo alimenta a alma.
     
    ...
     
     
    Rita: Espero que continuemos esta discussão! :DD

    Eu também tenho medo :(

    Por termos medo de sofrer escondemo-nos, fugimos, magoamos os outros, não nos damos a conhecer... Renegamos as pessoas de quem mais gostamos numa luta desigual entre a razão e o coração. Lutamos contra nós mesmos, contra os sonhos, contra a vida.
    Não é isto estupidez? De que nos protegemos afinal, se sofremos muito mais com esta tentativa de fuga, com esta guerra declarada contra a felicidade?
    Fugir de nós mesmos, dos outros, dos sentimentos numa atitude irracional de auto-defesa. às vezes até te compreendo, no fundo, somos todos iguais...
    Quando nos deixamos vencer e desistimos de lutar: desiludem-nos. Então voltamos a fechar-nos, desta vez com mais chaves, desta vez protegemo-nos com mais munições, desta vez estamos mais fortes, desta vez intocáveis, mas nunca vamos conseguir fugir...

    Mediana, bah

    É o estar entre. É a impossibilidade de ser e não ser em simultâneo. É a angústia existencial. É a distância entre o sonho e a concretização. O sonhado e o sonho que se tornou realidade...Às vezes parece que foi noutra vida que, afinal, não era bem isto que eu queria, que não fui eu que sonhei isto e dou por mim a viver a vida de outra pessoa...Ai Catarina, porque é que as pessoas têm de ser tão hipócritas? Porque é que tudo mudou? Porque que é que o tempo passa tão rápido e a vida, que só «quer que sejamos felizes», nos permite errar tanto?

    quinta-feira, janeiro 06, 2011

    Existir não me chega

    O facto de existirmos não nos chega. Quando surgem novas experiências que «não se ajustam às nossas assimilações anteriores, perguntamo-nos porquê», queremos descortinar o porquê das coisas, o porquê de ser EU, o significado do mundo no fundo, o sentido da vida.





    Todos nós gastamos a vida na procura de um sentido que advém da necessidade de resposta às questões: porque é que eu existo? porque é que nasci? parece de loucos e é penoso pensar que a vida, afinal, não tem sentido nenhum. No entanto, é bom que não esqueçamos que esta possibilidade existe.




    No fim de contas, qual o objectivo disto tudo? Crescer, desenvolvermo-nos, emocionarmo-nos, experimentar situações desagradáveis e que nos causam sofrimento, sofrer a imperfeição, a decrepitude, a tristeza e a morte, para quê? Eu não tenho resposta. Talvez seja tudo isto um processo de aprendizagem descontínuo pois, cada situação é nova e exige um reajustamento das nossas estruturas mentais.




    A vida é isto: um ciclo entre o equilíbrio e o desequilíbrio pois surgem constantemente novas situações e o ser humano não sendo omnisciente, sofrerá constantemente com o desequilíbrio provocado pela necessidade de conhecer.


    Não existe uma verdadeira equilibração: o sujeito nunca compreende totalmente as coisas, o real...Não conseguimos responder satisfatoriamente Às questões existenciais que nos atormentam e, mesmo que estejamos convencidos do contrário, haverá sempre uma sombra de dúvida, um abalo de terra sobre as nossas certezas...






    Não é preciso ir muito longe para percebermos que não passamos de inadaptados caso contrário, não magoaríamos pessoas da nossa mais alta estima, não provocaríamos guerras, não temeríamos a morte, não seríamos causadores de problemas ambientais, em suma, o erro não existiria ou se o que entendemos por erro não for isto, talvez até exista.




    Concluindo, somos uns desequilibrados: procuramos a paz e criamos desordem. O ser humano é um inadaptado que se vai adaptando, um ignorante que vai descobrindo, mas que nunca concretizará o verbo compreender.




    Vejamos, o que sabíamos da vida na época pré-historica? Não é muito diferente do que sabemos dela hoje, depois da ciência...