sexta-feira, janeiro 28, 2011

Assim sou eu...

sou um deus opressor,



um anjo que mente.


Um pensamento enganador,


Um ser humano que não sente.






Sou um homem que endoideceu,


Mas que sabe definir a loucura.


Uma bruxa velha que morreu


No êxtase da sua candura.






Sou mãe que come as suas crias,


sou lobo que dorme com o cordeiro.


Sou pessoa que finge ser gente


Que enterra comida e come dinheiro.






Sou víbora que sofre.


Sou um deus mentiroso,


Sou um rei tirano


Que esconde a liberdade num poço.

Fervo por dentro!

Gélidas palavras,



Calmos movimentos.


Gélidos olhares em exaustivos pensamentos.






Áspera vontade de estar contigo


Na noite cálida e perpétua.


Incontornável vontade de te ter


No eterno momento do ser


Controlável atitude


Controlável o comportamento


A palavra é fria


Mas ferve o sentimento.

Enloqueces-te, Rita!

Vamos ver se a noite é fria


E se as estrelas sabem a morango

Vamos correr descalços pelo rio

Sentir o calor do campo.

Na maresia do teu ser,

Escuto as palavras

que mentem, em parte.

Fossemos nós dois camponeses

E eu fazer-te-ia uma tarte!

Eu sei que somos crianças

Sim, crianças loucas

Que adoram chocolate.

Mas não podemos brincar juntas,

Pois não vivemos em Marte!

quarta-feira, janeiro 26, 2011

Religião

Etimologicamente, religião partiu da palavra religare que significa (re) ligar. Segundo dizem, antes da vida tal como a conhecemos, vivíamos em relação com o divino, mas por pecado original, essa ligação perdeu-se. Pergunto-me que culpa temos nós do defeito de fabrico.
Adiante, o objectivo da religião é estabelecer uma relação\ligação entre o homem e deus.
De facto, a religião tem os seus aspectos positivos: satisfaz questões existenciais, adormece a nossa angústia, promove valores como o bem, a paz, o respeito e o amor ao próximo. No entanto, também existe o reverso da moeda: a intolerância religiosa, as guerras em nome de deus, curiosamente chamadas de guerras santas (...)
Vejamos o que aconteceu na segunda guerra mundial com o quase extermínio dos judeus e, o que actualmente se passa, por exemplo, em Israel, local basilar das três religiões monoteístas.
Não há dúvida que urge o diálogo inter-religioso e o respeito pelo outro, pelas suas crenças e valores. Porém, infelizmente, o homem ainda não está preparado para aceitar a diferença e isto, acontece nos mais variados campos: sexualidade, ciência, filosofia (...)
Não há dúvida alguma que o facto de termos uma religião altera toda a nossa vida, na medida que esta (ou a ausência desta) influencia as nossas escolhas, a forma como encaramos o outro e o mundo, e a nossa forma de estar na vida.
Damásio defende que a ideia de deus é uma criação do cérebro humano. De facto, a necessidade do divino está impressa no homem. Se admitirmos a existência de deus, muitas questões se dissipam. No entanto, considero que existirá sempre um momento em que se dá um sismo nas nossas certezas e, é esse sismo que, mesmo que nos deixe indefesos e sem chão, nos permite dar um passo em frente no conhecimento.
É curioso, acreditamos em deus, acreditamos na literatura, na política, na ciência, acreditamos nas pessoas, que não raras vezes nos mentem, mas não cremos verdadeiramente na evidência da morte.

Rita Dias (teste de Português)

Reflicto (às vezes demais)

Ganhar, perder... e o que é a vida senão um ciclo de ganhos e perdas?

Mas não te iludas, tu não perdes mais do que ganhas, quanto muito perdes tudo o que ganhas-te e, poderás vir a perder tudo o que irás ganhar, mas nunca perderás aquilo que nunca ganhas-te.
Por isso mesmo saboreia todas as pequenas conquistas, beija-as docemente enquanto as ondas do mar não te as arrancarem do corpo e o sal não tiver tido tempo de trazer a saudade.


apaixonada pela pessoa errada :S

Liberdade

Se eu matar uma pessoa é de esperar que seja presa. Mas se disser uma mentira capaz de destruir a vida de outrém, não serei punida por lei.



Até que ponto posso interferir na vida do outro? O que me dá o direito de, com uma palavra ou uma determinada acção, mudar o jogo, ser responsável pela felicidade ou ruína alheia? E o que dá o direito às pessoas de fazerem o mesmo comigo?


Há, de facto, inúmeras situações que fogem ao nosso controlo. O que nos acontece e fazemos acontecer não depende exclusivamente de nós. Somos condicionados pelas características físicas e psicológicas inatas, pela época histórica em que vivemos, pela cultura em que nos inserimos e pelo outro, que invade o nosso espaço. Somos condicionados e afectados por tudo o que existe e, até, pelo que não existe.


A liberdade consiste em optar, sendo a não opção uma escolha. Mesmo que pressionados a fazer algo, existem sempre, no mínimo, dois caminhos: fazê-lo ou não fazê-lo. Mesmo com todas as consequências que daí possam advir: desiludir o outro, ser rejeitado, preso ou morto. Podemos sempre contrariar o que os outros esperam de nós.


A liberdade é o que nos faz iguais e nos torna autênticos. Cada um é o que escolhe e, por isso mesmo, escolhemos e reagimos das mais diversas formas a situações semelhantes.


Quem não usa da sua liberdade não é pessoa, limita-se a ser comandado por alguém...(o que também é uma escolha).

terça-feira, janeiro 25, 2011

29 de julho de 2010

«Nós podemos morrer, mas este momento vai ficar para sempre!» RC

segunda-feira, janeiro 24, 2011

Não ser assim

Nesta vida que sabe a nada



E que pesa tanto


Agonizo, sufoco e vibro.






Pulsa em mim algo a que chamam coração


Essa máquina que sente


Que morre


Que, por vezes,


Rasteja pelo chão.






Pulsa dentro de mim


Energia que me diz:


É impossível morrer.


Pulsa dentro de mim o mundo,


O teu corpo, os teus suspiros


E esse olhar profundo


Num segundo eterno e mortal.






Agonizo e sufoco


Grito em silêncio


Este grito que nasceu comigo


E comigo morrerá.


Este não querer ter sido


Este não querer ser


É este ter morrido antes de viver.


Porque nesta vida que sabe a nada


E que pesa tanto,


Sou uma sombra de mim


E minha sombra é meu pranto.

sexta-feira, janeiro 07, 2011

Impossíveis

«Será que existem impossíveis?»

- Se eu te disser que não existem impossíveis então irei estar a contradizer-me porque irei estar a dizer-te que é impossível existirem impossíveis. Por isso mesmo resolvi responder-te de outro modo.
Um dia, disseram-me que é impossível ser-se plenamente feliz, que é impossível vencer a morte, que há momentos em que somos incapazes de perdoar, que é impossível sermos totalmente livres, que é impossível não errar nem fazer sofrer aqueles que mais amamos, que é impossível não ser humano... E sabes que mais? Ao longo da minha escassa existência fui verificando que isto são meros perconceitos, afinal, é bem fácil desumanizarmo-nos ou sermos endeusados. Bem, acredito que quem me disse todas estas coisas tem uma visão bastante limitada do mundo e de si própria, gosta da segurança que os impossíveis lhe dá pois, assim, torna-se totalmente desnecessário virar a vida do avesso e lançar-se rumo ao desconhecido, com o intuito de transformar um impossível numa realidade palpável, que mais tarde ficará submersa nos escombros do passado (ou bem viva no nosso coração).
É tão fácil ficar especado a ver a vida passar ao invés de «agarrá-la» e perseguir sonhos, felicidade e paz!
Sim, é impossível evitar sentimentos e pensamentos, é impossível perdoar quando o nosso coração não quer e a alma se encontra demasiado ferida... é impossível não magoar as pessoas que nos rodeiam, é impossível não errar, não pecar mas, também existem impossíveis que podemos ir transformando, não de uma forma instantânea, mas sim sabendo que o imediatismo do momento não é tão importante quanto isso e que, construir um sonho ou derrubar uma murallha é exequível, apenas leva tempo e pode demorar uma vida inteira a conseguir-se. No entanto, importa não esquecer que impossível e difícil são duas palavras distintas e depois da caminhada sentirás que valeu a pena, que foi isso que te encheu a vida de cor, te deu força e coragem e que, te fez feliz. Pois a alma de quem luta incansavelmente em prol da vida jamais poderá ser pequena. E a tua é enorme.

Uma discussão daquelas!!!

Rita Dias: O mais curioso é que mesmo num sítio desses, a nossa imaginação pode voar...



Ana Rita Raposo: Sem dúvida!


 Rita Dias: O facto da porta estar aberta e nos convidar a entrar é interessante

Michel Fernandes Explica-me la o que para ti significa esta imagem. É muito filosófico, mas passa por cima de uma das primeiras condições para se vive;, se se fechasse a porta e não tivesse a capacidade de a abrir a pessoa acabaria por morrer com fome por falta de comida, por muita cultura literária que absorvesse...E uma pessoa culta deve usar a sua sabedoria também em prol dos outros, e não apenas para si mesmo. É o que penso ao olhar para esta foto

Ana Rita Raposo Esta "prisão" representa o conjunto de livros proibidos, censurados, onde há também, claro está, livros de filósofos. A comida e a bebida são, inquestionavelmente, indispensáveis à nossa sobrevivência; os livros são indispensáveis à alma!

Rita Dias a alma existe?

Ana Rita Raposo Que lhe parece Rita? Sente-se só corpo?

Rita Dias não, mas também não sinto alma.

Ana Rita Raposo Aristóteles defende que a alma é "de anima", aquilo que anima, que dá vida ao corpo!

Michel Fernandes Eu defendo que nós é que "alimentamos a alma"...

Rita Dias EU não defendo nada, aquilo em que acredito está em permanente mudança... como é que alma e corpo podem ser compatíveis, coexistir?
Rita Dias E depois de coexistirem separarem-se? Não faz sentido ou simplesmente não compreendo

Michel Fernandes A alma existe, isso garanto-te eu... Não queria era explicar-te como eu sei isso.... com certez que já deves ter ouvido "histórias" que te garanto que são verdades. E não tem nada a vêr com filosofia, mas sim com factos concretos. Há coisas... que transcendem o empírico, o razoavél e a compreensão humana, mas ás vezes vendo e sentindo directamente ou indirectamente certas coisas percebe-se o que estou a falar... Mas continuo a defender que cada pessoa "alimenta a sua alma" a todos os niveis, e isso reflete-se após a morte. Acho que fui explicito, e acredita que a alma e o corpo se separam após a morte.

Ana Rita Raposo

Miguel, a filosofia debruça-se, leva-nos a reflectir profundamente sobre factos concretos!!Não percebo quando afirmas peremptoriamente que "não tem nada a ver com filosofia, mas sim com factos concretos"???? Curioso também a tua posição que... me parece um pouco, desculpa, contraditória! Os factos concretos são empíricos. Se a alma, ou há coisas, como dizes, que transcendem o empírico e a nossa compreensão, como separas anterioremente filosofia de factos concretos? E se há transcendência, como podes assumir essa posição de que a alma existe e se separa efectivamente do corpo, quando referiste que há coisas que ultrapassam a nossa compreensão? De onde te vem a compreensão, quando afirmas que os seres humanos não têm inteligibilidade de certas coisas?
Rita Dias O que compreendemos pode ser uma incompreensão.
Rita, não considero que aquilo em que acreditamos esteja em permanente mudança se assuma como negativo!! Considero até que não nos satisfazermos com as respostas que vamos encontrando, convertendo-as em novas questões, precisamente por não ...possuirem a profundidade que esperamos ou que nos satisfaça, é uma atitude primordial para não nos acomodarmos! As posições que podemos assumir face à problemática da imortalidade ou não da alma são várias, todas elas, desde que fundamentadas, são válidas! Identificamo-nos, ao longo da nossa vida e das experiências por que vamos passando, ora com umas ora com outras, ou então, assumimos a mesma tese durante a nossa vida toda, sem a pôr em causa, o que não deixa de ser dogmático! De qualquer modo, a não compreensão disto ou daquilo não parte do zero, o isto ou o aquilo são já o ponto de partida para a tentativa de esclarecimento, se nos predispusermos a isso, claro! Há, com efeito, questões que ainda se nos colocam, desde os primórdios da humanidade, mas que ainda hoje permanecem, pois o Homem ainda não conseguiu eliminá-las com uma qualquer solução científica, ideológica, política,... Como a filosofia está tão presente!
Rita Dias Claro. Eu tento fugir a essas questões, mas elas perseguem-me :O Nesse caso não posso defender coisa nenhuma porque não tenho fundamentos.



  • Ana Rita Raposo Defender pode, mas é mais uma opinião!





  • Rita Dias Exacto, é só mais uma opinião num oceano de milhares de opiniões. Se a alma realmente existe e é imortal, inquieto-me com o que se diz à volta disso. Alma e corpo separam-se, na hora da morte do corpo, então se a alma estava presa ao corpo ...agora irá libertar-se, mas não será difícil desabituar-se do corpo depois de estar aprisionada a ele durante tanto tempo? Não será como aquela pessoa chata de quem nos queremos livrar, mas que depois nos deixa saudade? é tudo tão incoerente.


    No entanto, se a imortalidade da alma não existe, é injusto. É injusto o sofrimento, é inglória a luta, é existência da dor, da doença, da perda, da morte... E quem não quer viver eternamente, está condenado ao sofrimento eterno?


    Seja qual for o caminho, não lhe encontro o sentido.


    A vida terrena sabe a pouco, mas a vida eterna pesa demasiado...
     
    Michel Fernandes Tudo o que somos reflecte-se na eternidade. Já alguma vez viram um espírito de uma pessoa que conheciam em vida? Acreditem que a alma existe. E é com o que fazemos em vida nomeadamente em acções que a alma vai seguir o caminho que tem que fazer depois de se libertar do corpo. A Filosofia é uma ciência que até gosto, mas há coisas que nada nem ninguém consegue explicar, porque há coisas que são de fé, outras empiricas outras como se diz "só vendo é que se acredita". É por isso que digo que o corpo alimenta a alma.
     
    ...
     
     
    Rita: Espero que continuemos esta discussão! :DD

    Eu também tenho medo :(

    Por termos medo de sofrer escondemo-nos, fugimos, magoamos os outros, não nos damos a conhecer... Renegamos as pessoas de quem mais gostamos numa luta desigual entre a razão e o coração. Lutamos contra nós mesmos, contra os sonhos, contra a vida.
    Não é isto estupidez? De que nos protegemos afinal, se sofremos muito mais com esta tentativa de fuga, com esta guerra declarada contra a felicidade?
    Fugir de nós mesmos, dos outros, dos sentimentos numa atitude irracional de auto-defesa. às vezes até te compreendo, no fundo, somos todos iguais...
    Quando nos deixamos vencer e desistimos de lutar: desiludem-nos. Então voltamos a fechar-nos, desta vez com mais chaves, desta vez protegemo-nos com mais munições, desta vez estamos mais fortes, desta vez intocáveis, mas nunca vamos conseguir fugir...

    Mediana, bah

    É o estar entre. É a impossibilidade de ser e não ser em simultâneo. É a angústia existencial. É a distância entre o sonho e a concretização. O sonhado e o sonho que se tornou realidade...Às vezes parece que foi noutra vida que, afinal, não era bem isto que eu queria, que não fui eu que sonhei isto e dou por mim a viver a vida de outra pessoa...Ai Catarina, porque é que as pessoas têm de ser tão hipócritas? Porque é que tudo mudou? Porque que é que o tempo passa tão rápido e a vida, que só «quer que sejamos felizes», nos permite errar tanto?

    quinta-feira, janeiro 06, 2011

    Existir não me chega

    O facto de existirmos não nos chega. Quando surgem novas experiências que «não se ajustam às nossas assimilações anteriores, perguntamo-nos porquê», queremos descortinar o porquê das coisas, o porquê de ser EU, o significado do mundo no fundo, o sentido da vida.





    Todos nós gastamos a vida na procura de um sentido que advém da necessidade de resposta às questões: porque é que eu existo? porque é que nasci? parece de loucos e é penoso pensar que a vida, afinal, não tem sentido nenhum. No entanto, é bom que não esqueçamos que esta possibilidade existe.




    No fim de contas, qual o objectivo disto tudo? Crescer, desenvolvermo-nos, emocionarmo-nos, experimentar situações desagradáveis e que nos causam sofrimento, sofrer a imperfeição, a decrepitude, a tristeza e a morte, para quê? Eu não tenho resposta. Talvez seja tudo isto um processo de aprendizagem descontínuo pois, cada situação é nova e exige um reajustamento das nossas estruturas mentais.




    A vida é isto: um ciclo entre o equilíbrio e o desequilíbrio pois surgem constantemente novas situações e o ser humano não sendo omnisciente, sofrerá constantemente com o desequilíbrio provocado pela necessidade de conhecer.


    Não existe uma verdadeira equilibração: o sujeito nunca compreende totalmente as coisas, o real...Não conseguimos responder satisfatoriamente Às questões existenciais que nos atormentam e, mesmo que estejamos convencidos do contrário, haverá sempre uma sombra de dúvida, um abalo de terra sobre as nossas certezas...






    Não é preciso ir muito longe para percebermos que não passamos de inadaptados caso contrário, não magoaríamos pessoas da nossa mais alta estima, não provocaríamos guerras, não temeríamos a morte, não seríamos causadores de problemas ambientais, em suma, o erro não existiria ou se o que entendemos por erro não for isto, talvez até exista.




    Concluindo, somos uns desequilibrados: procuramos a paz e criamos desordem. O ser humano é um inadaptado que se vai adaptando, um ignorante que vai descobrindo, mas que nunca concretizará o verbo compreender.




    Vejamos, o que sabíamos da vida na época pré-historica? Não é muito diferente do que sabemos dela hoje, depois da ciência...