sexta-feira, fevereiro 26, 2010

Humana




Querem que seja um deus...
 outros tentam transformar-me numa máquina...
mas eu só sei ser humana, só quero ser humana, só posso ser humana!

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Velhice

«Velhice», esta palavra remete-nos para o fim da vida, não como algo instantâneo mas, como tudo na vida, um processo um tanto demorado.
Não, não é fácil lidar com isto, afinal, se «tudo correr bem» iremos passar esta fase antes da morte. Talvez a velhice seja uma etapa de sofrimento para a morte não parecer tão injusta, para que nos conformemos e pensemos que é o mais desejável, o merecido descanso, o fim do sofrimento...
Na verdade, qual seria o caminho? Se a pouco e pouco me vou tornando dependente dos outros e em vez de ser útil, me torno num embecilho? Se eu morresse ao invés de estar a atrapalhar a vida dos que me amam.. certamente que seriam mais felizes, e quem sabe, eu também seria.
Já não sou ninguém, as cores tornaram-se difusas, as palavras confusas, as memórias distantes como se de uma outra vida se tratasse...os sons são indistintos, a música que eu tanto amei hoje é-me insuportável e já não tenho voto na matéria.. Nem sequer me perguntaram se eu queria vir para o lar, enfiaram-me aqui e pronto.
Já nem a comida tem sabor, nem paciência há para os livros. Vejo os dias que passam sem sentido e sinto-me vegetal.
Há quem diga que ser velho é voltar à infância, não deixam de ter razão, em parte. Ainda ontem fiz birra porque o almoço era peixe frito...:D
Ah, sinto-me pequenina, uma bébé grande, um tanto ridícula, preciso de mimos, de atenção...faz-me falta a protecção da minha mãe, as saudades que tenho dela!
Têm de me ajudar a comer e todos os dias me mudam a fralda. Sim, posso dizer que sou uma criança mas sem esperança de melhores dias.
Sim, sou criança sem sonhos, criança que não mais vai crescer, criança que não tem a vida pela frente, criança que não gosta de brincar, criança que não salta de alegria e que não suporta a ideia de futuro!
Olho para trás, arrependo-me de não ter brincado mais, de não te ter dito que te amava, de ter perdido tanto tempo com futilidades e birras no entanto, lembro todas as loucuras, aventuras, sorrisos, abraços, sonhos, lutas, derrotas e conquistas... na realidade faria tudo outra vez, mas hoje, nada disso faz sentido.
Quando deixamos de ter produtividade e utilidade, depositam-nos no contentor do lixo e, é aí que os sonhos morrem, pois ninguém sonha ficar assim, ser abandonado e magoado, ninguém sonha que vai ter rugas, cabelos brancos e que um dia não poderá voltar a correr vale a baixo ou dançar à chuva mas é na velhice, idade sem sonhos que descobrimos que ao nos tornarmos chatos, melancólicos, com cabelos brancos e rugas, quando cheiramos mal...ninguém nos quer... a verdade é esta: só nos «amam» enquanto amar não der trabalho! :(

Já está! :)

A decisão estava tomada mas tinha tanto medo...tremia por todos os lados, cheguEi a ficar doente e para quê? Até correu bem, quer dizer, não havia motivo para ter medo e, nessa noite, consegui dormir sossegada como há muito não conseguia. Apesar de tudo, fiquei satisfeita comigo mesma e não me arrependo.
Não se deve deixar nada por dizer, não nos devemos deixar atormentar por dúvidas sem sentido...
Hoje sinto que foi uma decisão acertada e sabes porquê? Porque foi sem segundas intenções, porque foi algo espontâneo e, baseou-se na verdade, levando-me a experenciar um sentimento de paz quase feliz.
Hoje teria feito o mesmo. Sim, sem dúvida porque como dizia o poeta: «vale sempre a pena quando a alma não é pequena». Era esta confissão que me faltava para seguir em frente, para deixar os medos no passado e prosseguir rumo à felicidade. Há coisas que aparentemente não têm importância, mas acabam por fazer toda a diferença.

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

quase nada

Tudo em que sempre acreditei, o que fui, o que sou, o que serei...hoje não faz sentido, não sou nada, não me conheço... perdi o caminho, nada quero ser...
o que era tudo hoje é nada e coisa nenhuma porque para ser um nada já seria alguma coisa, e nem isso chega a ser...

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

inacabado

Deste-me a mão,


E fomos dar a volta ao mundo...

Dei-te o meu coração,

E perdi-me no teu olhar profundo

Perdi-me em cada pedacinho de ti

Sonhei com a felicidade.

Mas quando acordei, estavas junto a mim,

E o sonho era realidade.

O teu sorriso ilumina a escuridão,

É como estrela que brilha, que

Brilha no meu coração.

Tudo em ti é puro como a água da nascente,

Tudo em ti em mim provoca um amor sempre crescente.

Tudo em ti é puro como

A água que corre,

Mas tu vais partir, e há algo em mim que morre.



Não tens sonhos, nem esperança,

Nem amor, nem coragem para lutar.

Já não sabes o que é a verdade, nem

Em quem hás-de acreditar.

Tudo aqui é uma mentira,

Nada passa de uma ilusão.

Não se pode confiar um pouco,

Que logo nos enganam o coração.

Tudo aqui é uma miragem,

Onde a verdade anda perdida.

É preciso ter cuidado, quando

Se encontra a Terra Prometida.

Todos querem subir,

E não ajudam ninguém.

Quando chegarem lá a cima,

Tratar-te-ão com desdém!

Aqui não há amigos,

É um Deus nos acuda.

Já diziam os antigos,

Que ninguém nos ajuda.

Tem cuidado com o mundo,

Não é como tu pensas.

O poço pode ser muito mais fundo,

Quando arranjas desavenças.

Nada esperes de ninguém,

E faz tudo sem nada esperar.

Mesmo assim continua a fazer o bem,

Pois não há melhor do que amar!



Um labirinto,

Uma encruzilhada,

Feita de escolhas,

Onde tudo é nada.

Pode ser assim o caminho,

Podemos passar por outra estrada,

Mas a meta é só uma

E nem todos a encontramos.



Andamos às voltas nesse labirinto

Onde tudo é nada e só sabes

Andar sozinho

Às vezes passamos o ponto, e

Não darmos conta de que chegamos.

Seguimos sem nos olharmos

Sem nada aprender,

Simplesmente existimos,

Não chegamos a viver.

Dás-me a mão,

De repente é dia.

Sorris para mim,

Sentes a minha alegria.

Devagar, devagarinho,

Aprendemos a caminhar,

Juntos, lado a lado

Na imensidão desse mar.

No final de contas, a decisão é tua

Deixas me só, quiz o destino

Que escolhesses a lua.

E sozinha no labirinto,

Reaprendo a viver, mas

Na imensidão da noite,

eu não sei não te querer.



Quimera sim!

Quimera é o teu amor,

Essa mentira que me fez tão feliz,

Que à minha vida deu tanta cor.

Ah, se tu soubesses,

Se tu soubesses como te odeio,

Nesse engando d’alma,

Nesse triste devaneio.

Ah, se tu soubesses,

Se tu sobesses como eu te amei,

Tempos felizes e distantes,

Aos quais não tornarei.

Ah se tu soubesses,

Se tu sobesses como minha alma sofreu,

Ao saber que eras mentira,

Como este coração padeceu...

Ah se tu sobesses,

Se tu sobesses como estes olhos choraram,

Ao perceber que não existias e

Que os elementos do teu ser me abandonaram.

Ah se tu sobesses o tamanho da saudade,

Minha alma para sempre tua, jamais

Poderá almejar à liberdade.

Deserto

«Na verdade, o deserto não existe: se tudo à sua volta deixa de existir e de ter sentido, só resta o nada. E o nada é o nada, conforme se olha, é a ausência de tudo, ou, pelo contrário, o absoluto. Não há cidades, não há mar, não há rios, não há sequer àrvores ou animais. Não há música, nem ruído, nem som algum, excepto o do vento de areia que se vai levantando aos poucos – e esse é assustador.»


Para quê resistir?

Se a manhã vem calma e te chama para a rua, para quê resistir? Se está um dia lindo com um sol radiante, para quê resistir? Se uma flor pede que a colhas, para quê recusar o pedido? Se a felicidade te bate à porta, para quê resistir? Porque é que ganhaste tantas defesas? Será que ganhaste uma imunidade tal, que nem ouves a Vida a chamar por ti?

Se chove, não sais de casa porque está frio, e tens medo de te molhar...se faz sol, ficas em casa para não queimar a pele...eu não percebo, não consigo perceber!

Consegues pôr defeitos em tudo. Tudo o que há de belo na vida, tu consegues ver apenas como uma perda de tempo e hesistas, impões reticências à felicidade...não vês que isso sim, é uma perda de tempo? Na vida não há tempo para reticências e para hesistações! Não, quando se trata da nossa vida, da tua vida! Não, quado a felicidade vem ao teu encontro! Mas tu foges, pensas que nada te pode tocar, ficas simplesmente indiferente ao mundo, a tudo o que te rodeia, alheias-te aos problemas dos outros e foges da vida, como se não tivesses gosto em viver. (Juro que às vezes só me apetece bater-te!)

E sabes que mais? Eu não percebo. Tu tens tudo para ser feliz e recusas esse dom. Eu percebo, sim, aqueles para quem a vida é cruel, aqueles quem nada tÊm e tudo perdem, sim, esses eu percebo. Mas a ti não! Serás sempre o meu mistério!

Afinal, o que te falta para seres feliz? Não respondes. Ficamos um instante em silêncio, que mais parecia uma eternidade e, começas a chorar...

Não tens sonhos, nem esperanças, nem amor, nem coragem de lutar. Já não sabes o que é a verdade nem em quem hás de acreditar.

Perdeste as tuas ilusões no dia em que deixaste de ser criança e com o crescimento morreu toda a tua esperança...

Odeias o mundo que te obrigou a crescer, e, com o teu medo de perder, não conseguiste conquistar a felicidade.

Ah, como eu te amei nesse momento em que vi o teu coração, em que sentiste um turbilhão de perguntas sem resposta, um turbilhão de ideias, mas todas erradas...

Já não havia mais nada a dizer, eu sabia que não sou ninguém para te julgar e parei, reparei na minha fraqueza, não muito diferente da tua...Ah, o silêncio matava-nos, e parecia que as palavras cada vez fugiam mais, então abraçaste-me. Abraçaste-me para sempre e sem nada dizer, disseste tudo, foste tudo, sentimos tudo... Olhaste-me bem nos olhos e perguntaste-me: para quê resistir?

Agora, eu sei que para nós acabaram todas as barreira, todas as reticências e hesitações, sei que saltámos rochedos, quebrámos preconceitos e, hoje, os teus olhos dizem-me que somos como ave que voa, fágil e indefesa, mas livre e feliz! Então, para quê resistir?

Não seria eu

Não. Não quero ser trivial, não quero dar-me a essa condição estúpida e repetida.



Não quero rir do que os outros riem, nem sonhar o mesmo que os outros sonham, ou dizem sonhar.


Não quero falar do que toda a gente fala, nem saber o que toda a gente sabe, ou pensa saber.,


Não quero ver o mundo sem o olhar, nem conhecer o outro se este não se conhecer. Não quero perder tempo com coisas que não me interessam.


Não quero chamar as coisas pelo nome que lhe deram mas sim, pelo nome que realmente têm.


Porque eu quero ser diferente e rir do que eu rio, e rir só do que me faz rir.


Sonhar os meus sonhos, e só com o que me faz sonhar.


Falar só do que falo e do que me faz falar e calar.


Saber só o que eu sei, e só o que me desperta curiosidade.


Quero olhar o mundo e ficar diferente com esta visão, ser tocada por ele e por todas as situações que se escondem de vergonha.


Conhecer o outro, conhercer-te a ti que me fazes tão bem. Conhecer só quem me faz bem e dar o meu tempo a quem merece e a mais ninguém.


Ser tocada e modificada pela vida, para deixar de ser trivial, e continuar a crescer, crescer, crescer e ser sempre pequenina.


Porque eu não quero as coisas pela metade, não quero objectos, nem quero estar na viva sem viver, nem viver sem sentir.


Eu quero a verdade, e escolho a verdade em detrimento da mentira, mesmo sabendo que esta implica lágrimas e sorrisos, vitórias e derrotas, ilusões e desilusões.


Eu quero ser eu e não o que não sou. Eu quero ser eu e não o que pensam ou dizem que sou, eu quero ser eu e não aquilo que fazem de mim, eu quero ser diferente e não como sonharam que eu iria ser. Porque aconteça o que acontecer serei sempre eu, e quero ser eu, assim autêntica e de braços abertos para ti.


Talvez me amasses se não me visses assim tão transparente, mas a ti eu venho como sou, sem máscaras, sem defeses , venho eu e só eu. E prefiro que nem gostes de mim, do que ames aquilo que eu fingiria ser se não fosse eu.